17.9.25

Ações “Puxa-saquísticas”

Os contratos de adesão no Brasil dão graves lições, em certo ponto, sobre ações “puxa-saquísticas” (leia-se bajulação, idolatria, vassalagem etc.) de alguns para outros no tocante à sustentação de interesses particulares já prosperados em âmbito público, podendo ser paralaxes cognitivas ou má fé.
Casimiro Tomba. O Guerreiro Bêbado e o Bobo da Corte.
1. Do ponto de vista deste artigo, não é que o contrato de adesão seja algo ruim; torna-se isto se contiver cláusulas abusivas e/ou passíveis de nulidade. Se comparado ao pensamento de um influenciador, o que é observado com ressalvas não é uma possibilidade de aderência às ideias que tem, mas uma isenção aos abusos que comete.

2. Os contratos abusivos muitas vezes seguem sem queixas por conceder aos aderentes benefícios que compensam as abusividades. Há empresas de internet que garantem acesso em todo lugar, embora usando veladamente o equipamento essencial à conexão (modem) instalado em casas de assinantes — elevando o consumo de energia elétrica.

3. Igualmente, determinados pensamentos de influenciadores podem representar um benefício ao aderente, ainda que uma ideia no meio seja problemática, como é o caso da visão de mundo estoica ao cristão, que não percebe que tal corrente filosófica foi combatida e segue sendo contestada pela Santa Igreja.

4. Se um influenciador expõe suas ideias em vias de facilitar a adesão de um público, porém, difundindo estoicismo como chave interpretativa para isto, aquele que for cristão e aderir ao modo de pensar dessa pessoa, certamente terá dificuldades para perceber que sua mentalidade já se adequa ao padrão estoico de pensamento quando for alertado.

5. Adiante, quando esse mesmo cristão for tratar de um tema já apresentado pelo influenciador em questão, mas sem que conheça outras opiniões acerca do assunto, tenderá a propagar os mesmos conceitos estoicos já aderidos, ainda que não saiba que são próprios do estoicismo — o que é próprio da paralaxe cognitiva.

6. Ao tratar de um tema pela maneira estoica, gerada pela influência dos pensamentos daquele influenciador (redundância necessária), se alguém lhe disser com razão que tal tratamento não corresponde às ideias cristãs (baseando-se em doutrina), ainda assim, pensando no benefício dado pela adesão das ideias, poderá rejeitar um alerta justo.

7. É que o valor da ideia já aderida, de alguma forma, se tornou maior, mais útil, mesmo errado em relação à verdade da fé, como no caso aqui exemplificado. Mesmo que lhe digam que tal pensamento está minando sua religião (no caso da pessoa do exemplo), diante de um benefício imediato, continuará aderindo ao pensamento.

8. Adesão que poderá ser notada como digna de um “puxa-saco”, donde que, por mais que lhe seja mostrado o problema no pensamento de um influenciador, como é a visão estoica de mundo ao cristão, insistirá como aderente, não mais por causa das ideias, mas por estas e o autor já terem se fundido numa coisa só pela percepção do aderente.

9. Desta forma, tornou-se comum a realização de defesas incondicionais aos influenciadores, independente de acertarem ou errarem acerca de diversos assuntos que nem lhes são, muitas vezes, próprios do conhecimento, sendo estas as ações “puxa-saquísticas” ditas na introdução deste artigo — paralaxes cognitivas ou má fé?
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Ações “Puxa-saquísticas”. Enquirídio. Maceió, 17 set. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2025/09/acoes-puxa-saquisticas.html.

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